2025 NO.38
MenuOs japoneses e o espaço sideral
Engenhando o espaço
Recriação do céu noturno e de estrelas cadentes por mãos humanas. Novas modalidades de espaço concebidas por arrojados engenheiros japoneses.
Fotos: Furusato Mai

Ohira e o Megastar-Neo II, seu mais recente modelo de projetor de planetário compacto
Criador de planetários povoa o céu de estrelas
Planetários reproduzem a esfera celeste com a projeção dinâmica de imagens semelhantes a estrelas em um teto abobadado. Com um aparelho inovador concebido por Ohira Takayuki, o planetário óptico projeta imagens estelares de alta resolução por meio do uso de placa de estrelas e lentes.
Em 1998, Ohira lançou o Megastar, um projetor de planetário que simula 1,7 milhão de estrelas — cem vezes mais do que são capazes os projetores convencionais. A visão da totalidade das incontáveis estrelas da Via Láctea deslumbrou o mundo. Incorporando aperfeiçoamentos, versões posteriores projetaram ainda mais estrelas com o uso da placa de extrema precisão Gigamask, desenvolvida em 2015, que é capaz de projetar 1,2 bilhão de estrelas. Os orifícios da placa de fundo são minúsculos — o menor com apenas 180 nanômetros (18/100.000 mm) de diâmetro.
“As estrelas do céu noturno visíveis ao olho humano são apenas uma fração das existentes. Na verdade, estrelas incontáveis cintilam no espaço sideral, e num planetário só se tem um vislumbre da quantidade real. Espero que, com esta experiência, o público possa abarcar a vastidão infinita do universo.”
Ohira também desenvolveu o Homestar — planetário óptico para uso no lar que incorpora a tecnologia Megastar. Por possibilitar a apreciação da plenitude das estrelas no conforto da moradia, este projetor de planetário vem atraindo interesse em várias partes do mundo. “Espero que os planetários caseiros inspirem o interesse pelo espaço em mais e mais crianças. Seria ótimo ver uma criança que tenha tido um planetário caseiro se aventurar um dia ao espaço a ponto de descobrir novas formas de vida”.
Uma das placas de estrelas Gigamask, de extrema precisão. Capazes, cada uma, de representar em torno de 200 milhões a 300 milhões de estrelas em áreas com abundância dos corpos celestes, as 32 placas do projetor projetam, juntas, cerca de 1,2 bilhão de estrelas (foto: Ohira Tech Ltd.)
Primeira tentativa do mundo de gerar estrelas cadentes artificialmente
“Quero criar estrelas cadentes que caiam onde e quando me convenha.” Ainda universitária, Okajima Rena teve esta aspiração ao observar a chuva de meteoros Leonid. Tendo fundado a empresa ALE Co., Ltd., ela é hoje a primeira pessoa do mundo a assumir este desafio sem precedentes.
Estrelas cadentes geradas artificialmente são feitas de “partículas de meteoros” — fragmentos de metal com diâmetro aproximado de 1 centímetro. Liberadas por um satélite artificial, as ‘partículas de meteoros’ caem em direção à superfície da Terra e se queimam a elevadas temperaturas em consequência da compressão adiabática ao ingressar na atmosfera terrestre. Vistas do solo, as partículas em queda livre se assemelham a estrelas cadentes. “É o mesmo princípio das próprias estrelas cadentes, quando observamos poeira interestelar em combustão na atmosfera. Só que, por serem mais luminosas, as ‘estrelas cadentes’ que criamos se destacam mais nitidamente no céu urbano. E podemos observar a sua queda por mais tempo”, ela explica. Inúmeras aplicações futuras estão previstas — por exemplo, um novo modo de entretenimento no qual o céu cintile em várias cores.
Além disso, dados atmosféricos coletados por satélites na liberação de ‘estrelas cadentes’ serão registrados e há expectativa de que se tornem úteis em análises de mudanças climáticas. Com uma visão de futuro abrangente e auspiciosa, Okajima diz pretender “incorporar o espaço à esfera cultural”.